Música de Graça: JAZZ EM VIOLINO, SEXTETO & VOCAL!

AUDIOFONE – Editorial: USO CONTÍNUO DE FONE POR MUITAS HORAS DIÁRIAS PODE DEFORMAR A CABEÇA?
julho 8, 2023
Influência Vintage: WALKMAN PROFESSIONAL SONY WM-D6C
julho 8, 2023

Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Música de graça mensalmente na Internet ao alcance dos nossos dedos!

No YouTube encontra-se muito conteúdo interessante para o melômano, vídeos de música ao vivo com qualidade pelo menos decente de imagem e som – e que nesta coluna sugerimos mensalmente. Só ao vivo que você percebe o verdadeiro entrosamento entre os músicos, sua linguagem corporal e suas verdadeiras capacidades!

COMO E ONDE OUVIR

Através de um computador ou smartphone, com bons fones de ouvido – ou mesmo conectando eles ao DAC de nosso sistema de som, fisicamente, por wi-fi, por Chromecast ou por Bluetooth. Uma segunda opção é assistir esse conteúdo em uma TV tipo smart, no aplicativo do YouTube, e conectar a saída ótica de áudio digital dela ao sistema de som, de home-theater ou mesmo à uma soundbar.

PARA QUEM SÃO AS SUGESTÕES DESTE MÊS?

Para todos os fãs de jazz de qualidade, bem tocado, ligeiramente diferente do usual. Primeiro, temos um violinista solista, líder, de jazz – o que já é em si uma certa raridade -acompanhado por um jazz trio de piano, baixo e bateria, dinâmico e muito interessante. Segundo, temos um sexteto de jazz liderado por um baixista, com guitarra, piano, trompete, trombone e bateria, soando de maneira mais tradicional, mas muito acessível. E, por fim, uma cantora de jazz – que também toca flauta – que tem uma bela voz e traz uma apresentação bastante moderna com piano, teclado e bateria, de excelente qualidade e seriedade, com uma sonoridade mais densa e escura, mas muito bem feita e bonita.

Adam Baldych, Helge Lien Trio – EFG London Jazz (2017, 58 min)

O violinista polonês Adam Bałdych, considerado um virtuoso de seu instrumento, é um caso raro no meio do jazz – principalmente em se considerando solistas e não acompanhantes. Violino é incomum, apesar de luminares como Stephane Grappelli e Jean-Luc Ponty. Mas, em sua música, Baldych evoca muito mais Grappelli do que Ponty – até porque ele é muito mais um jazzista tradicional, e não fusion.

Além de Adam ao violino, em destaque, acompanham o Helge Lien Trio, do pianista norueguês Helge Lien, que tem uma extensa discografia (mais de 20 discos) com aproximadamente a mesma longevidade de Baldych, e em várias formações de duos e trios – incluindo as menos ortodoxas com tuba, sax, clarinete, trompete e, claro, a formação de jazz-trio tradicional com a adição do violino de Baldych, no disco Bridges (ACT, 2015).

Nascido em 1986 na cidade de Gorzów, na Polônia, Baldych – que faz parte do elenco da excelente gravadora alemã ACT – começou a aprender violino na escola, aos 9 anos de idade, e depois graduou-se pelo Instituto de Jazz e Música Popular da Academia de Música Karol Szymanowski e, finalmente, foi bolsista da Berklee College of Music em Boston, nos EUA. Adquirindo projeção, nos últimos anos, entre os músicos e o público de jazz europeus, Adam já tem uma discografia de mais de 10 discos, tanto liderando como em colaborações.

A formação do quarteto aqui no vídeo é, então, Adam Bałdych ao violino, Helge Lien ao piano, Frode Berg no baixo, e Hakon Mjaset Johansen na percussão – em um concerto gravado no belíssimo Cadogan Hall, construído em 1907 no bairro de Chelsea, em Londres. Cadogan Hall é um auditório para 950 pessoas, com boa acústica viva, originalmente um templo da Igreja da Ciência Cristã e que hoje é, além de um espaço para concertos e apresentações, a sede da Royal Philharmonic Orchestra – uma das mais tradicionais orquestras sinfônicas inglesas.

A gravação do vídeo foi feita em novembro de 2017, por parte do EFG London Jazz Festival, evento anual que existe oficialmente há mais de 30 anos, e que desde 2013 é patrocinado pelo grupo suíço de bancos EFG International. Além das atrações internacionais, uma longa associação do Festival com a BBC – British Broadcasting Corporation – incorpora a final da competição BBC Young Jazz Musician, televisionada pela emissora por todo o Reino Unido.

Avishai Cohen’s ‘New York Division’ at Jazz à Vienne (2015, 81 min)

Moderno, sem ser estranho ou diferenciado. Tradicional, mas cheio de detalhes e nuances de interpretação que são atuais e ‘novas’ – essa é a série de concertos apresentados pelo contrabaixista israelense Avishai Cohen, em sexteto com amigos de longa data da cena de jazz nova-iorquina, trazendo faixas cover, e também de várias fases e álbuns da carreira do baixista.

O ‘New York Division’ é Avishai Cohen no contrabaixo e ocasional vocal, Kurt Rosenwinkel na guitarra, Nitai Hershkovits ao piano, Diego Urcola no trompete, Steve Davis no trombone e Daniel Dor na bateria.

Avishai Cohen nasceu em um kibbutz em Israel, em 1970, de uma mistura étnica judaica de espanhol, polonês e grego. De uma família musical, começou no piano aos 9 anos, e passou para o contrabaixo aos 14 – e aos 22 trabalhava em construção e tocava nas ruas. Depois, ao estudar na New School, em Nova York, Cohen passou a integrar o Chick Corea’s New Trio durante seis anos, até se tornar líder e solista ele mesmo. O resultado é uma carreira que já fruiu mais de 20 discos em quase 30 anos, por vários selos de alta qualidade como Blue Note e Naive, trafegando em gêneros como jazz, ethno-jazz, folk-jazz e jazz-fusion.

O show deste vídeo foi originalmente apresentado no canal por assinatura francês Mezzo, especializado em música clássica, jazz e world music. E, no caso do evento Jazz à Vienne, não confundir com a cidade de Viena, na Áustria: este é um festival de jazz anual, no verão, na cidade de Vienne, na região de Isère, no leste da França, próximo à cidade de Lyon. Realizado desde 1981 no anfiteatro romano da cidade, o festival já trouxe à seus palcos Miles Davis, Herbie Hancock, Stan Getz, Ella Fitzgerald, Sonny Rollins, Joe Zawinul e Brad Mehldau, entre muitos outros.

Melanie De Biasio – Live à FIP (2014, 46 min)

Melanie faz um jazz atmosférico – profundamente por sua voz e composições, e de maneira coadjuvante por um trio que traz, além do piano e da bateria, o uso de um piano elétrico Wurlitzer e também de sintetizadores vintage. A própria Melanie completa o quadro com sua voz aveludada e tocando flauta. É uma música profunda, emocional e hipnótica.

A banda de apoio é composta dos usuais colaboradores de De Biasio: Pascal Mohy no piano, Pascal Paulus nos teclados, e Dre Pallemaerts na bateria.

Mélanie De Biasio (com acento no primeiro nome) nasceu em 1978 na província de Hainaut, na Bélgica, filha de uma belga com um pai italiano. Mostrando aptidão artística, começou a aprender balé aos três anos de idade, e flauta transversal aos oito. Como jovem e fã de rock, desde Pink Floyd e Jethro Tull até Nirvana, aos 15 anos Melanie já participava de uma banda de rock. Depois, ao estudar canto por três anos no Conservatório Real de Bruxelas, passou a dedicar-se profissionalmente à música. Devido à uma infecção pulmonar que a impediu de cantar por um ano, Melanie desenvolveu o timbre ligeiramente sussurrado que tem até hoje, e após tocar com o saxofonista de jazz Steve Houben, lançou seu primeiro disco em 2007 (de quatro discos já lançados), que foi bastante elogiado pela crítica.

A apresentação deste vídeo foi gravada em 2014 no Studio 105, da Maison de Radio France, um auditório pequeno e intimista, que justifica perfeitamente a fotografia do vídeo ser em preto & branco – o que combinou muito com a música de De Biasio. A qualidade sonora é excelente, e a fotografia é digna de prêmio.

1A ‘Live à FIP’ é uma série de concertos feitos pela estação de rádio FIP – France Inter Paris – que faz parte da rede Radio
France, desde sua fundação em 1971. Voltada completamente para a música, a FIP transmite sem intervalos comerciais, a partir de um acervo de 44.000 faixas diferentes, 85% delas oriundas de selos independentes.

Um bom inverno musical a todos!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *