Influência Vintage: WALKMAN PROFESSIONAL SONY WM-D6C

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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Equipamentos Vintage que fazem parte da história do Áudio

O termo Vintage tem a ver com ‘qualidade’, mais do que ‘ser antigo’. Vem do francês ‘vendange’, safra, sobre uma safra de um vinho que resultou excepcional. ‘Vintage’ quer dizer algo de qualidade excepcional – apesar de ser muito usado para designar algo antigo.

Nesta série de artigos abordamos equipamentos vintage importantes, e que influenciam audiófilos até hoje!

MADE IN JAPAN

Principalmente nas décadas de 70 e 80, ninguém dominou o mundo do áudio como os japoneses. Dominaram, aliás, praticamente tudo que era eletrônico e tecnológico, com miniaturização, construção e fabricação com precisão e durabilidade. E, em muitos e muitos casos, com uma qualidade que impressionava até audiófilos. Todo mundo, sem exceção, que gostava de música, teve em casa pelo menos algum equipamento projetado pelas gigantes e mundiais indústrias de áudio japonesas.

Uma boa quantidade dos audiófilos puristas acabaram tendo, também, algum componente japonês em seus sistemas: desde cápsulas até fones de ouvido. E também alguns modelos de caixas e de amplificações, assim como muitos modelos de toca-discos, foram grandemente favorecidos pelo hobby da audiofilia.

E eu diria ainda que existe uma peça, um componente, que fez parte de uma maioria de sistemas, inclusive audiófilos, entre parte da década de 70 até virada para década de 90: o deck de fita cassete – tecnologia na qual os japoneses nunca foram batidos, principalmente em questão a custo-benefício.

O WALKMAN PROFESSIONAL SONY WM-D6C

Por que falar aqui, nesta seção, sobre um Walkman? Porque este é um dos mais venerados no segmento de tape-decks (não só de Walkmans), e é um equipamento onde a Sony pôs corpo e alma para que ele provesse excelente qualidade de reprodução e de gravação de áudio para um dispositivo desse tamanho. Sim, o D6C gravava, e gravava com boa qualidade, até fitas de Metal, e com Dolby B ou C, com regulagem de nível de gravação, através de uma entrada específica para microfones, ou por uma entrada de sinal de linha. Aliás, o D6C também tem saída de linha (além da saída de fones), podendo funcionar plenamente como um tape-deck normal, ligado a qualquer sistema de som.

Em 1982, a Sony lançou no Japão, em sua linha profissional, o WM-D6, com praticamente a mesma cara do posterior D6C (mas ainda sem o Dolby C, sem a entrada de linha e com duas saída para fones de ouvido), como sendo uma versão miniaturizada do indestrutível deck portátil de uso profissional da empresa, o TC-D5.

Tanto o D6 quanto o D6C – que veio logo depois, em 1984, e ficou quase que inalterado em linha durante perto de duas décadas – tinham uma cabeça de gravação de qualidade superior, tipo encontrado apenas em decks de linha mais alta, e um sistema de tração bem dimensionado e resistente, com motores controlados por cristal de quartzo, o que trazia uma grande precisão de velocidade, mesmo em condições adversas, em campo, em movimento. Ele podia ser alimentado por uma fonte externa, ou podia usar quatro pilhas pequenas em um compartimento interno ao lado da fita, além de ser construído principalmente em metal, para durabilidade e estabilidade.

Seu design não foi pensado como um produto para o consumidor, e sim para uso por repórteres e estações de rádio – e também foi usado por muitos para piratear shows ao vivo, rs…

Posteriormente, a Sony passou a usar componentes SMD em suas placas, aumentando o espaço interno, além de trocar a cabeça tipo Amorphous – que era resistente e de alta qualidade – por uma cabeça mais comum, que durava menos (mas mantendo durante muito tempo o logotipo da Amorphous Head estampado na frente do aparelho). Ou seja, os primeiros anos de produção são os que devem ser procurados e escolhidos pelos colecionadores. Para saber, basta ver se a cabeça é ‘pontuda’ ou ‘achatada’ – a pontuda é a boa.

MODELOS SEMELHANTES

O primeiro dos gravadores cassete que gravavam, da Sony, portáteis para uso profissional e que tinham boa qualidade sonora – foi o TC-D5 (e suas variações como o PRO e o PRO II), que tinham peso e tamanho que não ficavam muito longe de um pequeno gravador de rolo portátil, como o Uher, até então usado por toda a imprensa. E o D6, e consequentemente o D6C, são o resultado do empenho da Sony em miniaturizar o TC-D5, tornando-o mais fácil de ser carregado e operado, e mantendo alta qualidade de gravação.

As marcas competidoras da Sony não foram muito felizes em fazer decks ultra-portáteis que também gravassem com qualidade, como D6C, todos ficando muito aquém nesse quesito. Entretanto, como reprodutores portáteis, marcas como Aiwa, Panasonic e JVC, entre outras, conseguiram competir muito bem, lançando ‘walkmans’ muito bem feitos, cheios de recursos e com boa performance – vários deles hoje bastante colecionáveis.

WM-D6

E, além do WM-D6 já citado, o único outro walkman que gravava com qualidade, e também o único outro a receber a alcunha Professional pela marca, foi o posterior (e ainda menor) Sony WM-D3, que mantinha vários dos recursos do D6C e trazia também a excelente cabeça Amorphous, mas só gravava fita Normal e Cromo – não gravava Metal como seus irmãos maiores, e não tinha Dolby C.

Diz-se que a performance do D3 é quase tão boa quanto a do D6C, mas com um gabinete menos resistente e uma fragilidade de funcionamento graças a algumas engrenagens de plástico. É pouco indicado, portanto, para a tal linha Professional.

WM-D3
TC-D5

COMO TOCA O WM-D6C

O WM-D6C juntou tantos elogios à sua qualidade de som, ao longo dos anos, que se dizia que ele dava trabalho até para os decks Nakamichi! Ideia a qual foi admitida, várias vezes, que era o ‘exagero do exagero’!

Mesmo assim, a gravação do D6C é descrita frequentemente como algo que supera muitos decks disponíveis no mercado. Diz-se que é uma gravação decentemente equilibrada, suave, clara. Mas alguns críticos já disseram que a resposta dos extremos não é à contento, fica em falta comparado com decks medianos para bons.

O fato é que o WM-D6C é um favorito entre os colecionadores e aficionados de walkmans, mundo afora, e é certamente um curiosidade, um marco entre os tape-decks cassete em sua era de ouro.

SOBRE A SONY

Descrever a japonesa Sony Corporation é desnecessário – não existe um ser vivo, acho, que não conheça a marca. Mas falar um pouco sobre uma de suas maiores invenções, que é o Walkman, é bastante pertinente.

Apesar de haver uma polêmica em torno da invenção do que seria o Walkman, que teria sido ideia de um brasileiro de origem alemã chamado Andreas Pavel, na década de 70 – em um incidente que gerou um processo entre ele e a Sony (o qual ele, em última instância, acabou perdendo após décadas de batalha) – a gigante japonesa pelo menos criou um produto realmente portátil, acessível (foi um sucesso de vendas desde sua incepção), com resistência à movimentos e que provia boa qualidade sonora. No final, a Sony vendeu mais de 200 milhões de Walkmans de fita cassete, além de continuar usando a denominação (e variações dela) em várias linhas de produtos portáteis, até hoje.

A origem do Walkman dentro da Sony foi pela ideia de Masaru Ibuka, co-fundador da empresa, que no final da década de 70 carregava o volumoso TC-D5 (citado acima) e um par de fones de ouvido, para ouvir música com qualidade nas suas constantes viagens de negócios. Ibuka pediu ao então presidente da empresa, Norio Ohga, que a Sony desenvolvesse um cassete deck bem mais portátil, que pudesse ser carregado e ouvido em qualquer lugar – inclusive andando – que não ocupasse espaço, e que mantivesse alta qualidade sonora na reprodução.

E o resto, como diz o ditado, é história pura!

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