Christian Pruks
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Todo mês um LP com boa música & gravação
Gênero: Rock Progressivo
Formatos Interessantes: Vinil Importado
O Pink Floyd é, talvez, uma das bandas de rock mais famosas de todos os tempos. Sua carreira comercial se iniciou na Inglaterra, em 1967, inaugurando um período psicodélico com sua formação original – que ainda incluía o guitarrista e vocalista Syd Barrett, mas que ainda não tinha David Gilmour, que veio a ocupar a mesma função depois.
Barrett, após problemas mentais sérios – que alguns dizem ter sido exacerbados pelo excessivo consumo de LSD – deixou a banda em 1968, dando o lugar a Gilmour. E o início do período ‘progressivo’ da banda, vem com o que é considerado pela maioria como seu melhor disco (e um dos melhores discos de todos os tempos): The Dark Side of the Moon (Harvest, 1973), no período mais prolífico e famoso da banda, que durou até famoso The Wall (Harvest, 1979) – que já foi um disco quase autocrático do baixista Roger Waters, após assumir o comando da banda.
Resultado? Desentendimentos gerais, Waters demitindo o fundador tecladista Rick Wright (o maior absurdo da história do rock), criando um disco que é praticamente só ‘dele’, que é o The Final Cut (Harvest, 1983), se declarando dono da banda. E, para por a ‘cerejinha no bolo’, Waters unilateralmente definiu que o Pink Floyd havia acabado, que não tinha mais o que prover em matéria de criação! Assim mesmo: o Floyd fechou as portas e Waters foi fazer seus discos solo.
Não me entendam mal, eu gosto do The Final Cut, gosto do The Wall, e gosto de várias faixas dos solos do Roger Waters – mas ele teve o ‘rei na barriga’ de maneira grandiloquente demais. Depois, ele que tinha acreditado que o nome Floyd não poderia seguir sem ele, declarou não ter tido compreensão da lei Inglesa. Vejam bem, ele não achou que estivesse errado, mas sim que não gostou das consequências, das coisas não terem favorecido ele, porque ele interpretou a lei mal.
O fato é que, Waters literalmente saiu da banda, perdendo então o direito a voto sobre o futuro dela. E David Gilmour – porque podia e queria – avisou Waters que eles iriam continuar sem ele, reintegrou o Pink Floyd com toda formação, inclusive trazendo de volta para participações Rick Wright, que acabou sendo oficialmente reintegrado à banda depois, e tocando com Gilmour até falecer em 2008. O Floyd renovado também trouxe sua música um pouco mais para seus tempos contemporâneos, com o disco Momentary Lapse of Reason, em 1987.
A capa, emblemática como todas as capas do grupo, foi concepção e design da Hipgnosis – que também fez a maioria das capas deles, incluindo o famoso prisma de The Dark Side of the Moon, e capas do Led Zeppelin, Black Sabbath, Genesis, Peter Gabriel, Paul McCartney, Yes, e muitos outros. Inclusive, para a edição atual de Momentary Lapse, a Remixed & Updated, a Hipgnosis foi chamada para fazer uma atualização, que usa uma foto alternativa tirada na produção da capa original, com modificações.
Momentary Lapse of Reason teve sua gravação iniciada no estúdio Astoria, um barco no Rio Tâmisa, perto de Londres, que é o estúdio principal de Gilmour, depois foi transferido para o Mayfair Studios e, finalmente, para o A&M Studios, em Los Angeles – cidade onde mora o produtor do disco, Bob Ezrin.
O disco, um sucesso de vendas, originou um emblemático show ao vivo, em sua turnê, feito com o palco montado em uma barcaça no grande canal de Veneza, na Itália. Essa turnê e a seguinte, do disco The Division Bell (EMI, 1994), resultaram em mega-shows, com alguns dos palcos mais performáticos já feitos – como pode ser visto no vídeo do disco ao vivo Pulse (EMI, 1995).
Depois de The Wall ter sido a ‘superprodução’ de Roger Waters, cheio de convidados, Momentary Lapse of Reason foi a ‘superprodução’ de David Gilmour, também cheia de convidados! Além do trio oficial, com Gilmour na guitarra e vocais, Richard Wright nos teclado e vocais, e Nick Mason na bateria, temos participações de vários grandes músicos e nomes conhecidos: Tony Levin no baixo (King Crimson e banda do Peter Gabriel), Jim Keltner (George Harrison, John Lennon, Ringo Starr, Ry Cooder) e Carmine Appice (Jeff Beck, Stanley Clarke, Ozzy Osbourne) na bateria, John Helliwell no saxofone (Supertramp), entre vários outros, incluindo backing vocals, sintetizadores, etc.
Curiosamente, em um ambiente em que a gravação digital estava crescendo mas ainda não era totalmente dominante, Momentary Lapse foi gravado quase todo em digital multipista, exceto as baterias e percussões, que foram gravadas em analógico multipista.
A versão Remixes & Updated, faz uma nova mixagem do álbum mas, mais do que isso, restaura participações que haviam sido cortadas do tecladista Rick Wright, assim como regravação de partes da bateria por Nick Mason – no lugar de baterias dos convidados Jim Keltner e Carmine Appice. Isso, segundo Gilmour, “restaurou no álbum o equilíbrio criativo entre os três membros do Pink Floyd”, além de trazer uma qualidade sonora superior, que inclui melhor uso de efeitos, como o de reverberação.
Para quem é esse disco? Para todos os fãs de Pink Floyd que gostem do trabalho solo do David Gilmour, e da fase da banda que se iniciou com esse disco e foi até a mesma ser definitivamente dissolvida. E para, também, todos que gostem de um rock, um ‘art-rock’ muito bem tocado, arranjado e elaborado. Eu vejo muito, nesse disco, duas coisas: ‘é o Floyd’ mas também ‘não é o Floyd’ – pois ter mudado o tipo de som não chega nem perto de significar que é ruim.
Não, mesmo!
Fiquem longe da prensagem brasileira. Mesmo! Mas, de 1987, existem as prensagens da EMI do Reino Unido, da CBS americana e, sonho de consumo, a prensagem da CBS japonesa! Entre as prensagens modernas, temos várias de 2017 (inclusive uma japonesa) e de 2020 que tem até duplo em 45RPM. Já em 2021, apareceu a versão Remixed & Updated (feita em 2019 para uma caixa comemorativa da banda), que eu ouvi, e musicalmente é sensacional, que foi prensada em 33RPM, em duplo 45RPM, e até saiu no Japão também! Recomendo essa Remixed & Updated, se você puder investir, caro leitor.
Boa música a todos!