Espaço Aberto: GRAVAÇÕES (IN)SUGERÍVEIS

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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Estou para comentar sobre a quantidade extrema de gravações – faixas ou até discos inteiros – sugeridas em testes e artigos na mídia especializada, ou mesmo por audiófilos em fóruns na Internet.

Eu ouço – para ver como é – praticamente tudo que vejo pela frente, porque sou curioso, e porque adoro adicionar música ‘nova’ interessante ao meu acervo. Só não vou lá ouvir se for algo que eu já conheça ou algum artista que eu sei que não vai ser interessante.

Se eu for listar aqui as que não são bem gravadas, ou as que são banais ou esquisitas musicalmente, este texto teria várias dezenas de páginas, rs! Infelizmente.

Não estou para discutir gosto musical – sempre falo que cada um ouve o que quer ouvir – mesmo que eu veja a música como (in)sugerível por ser musicalmente muito ‘fora da casinha’. Porque, amigos, tem – e bastante.
O cenário atual de música demonstrada e sugerida é:

– Gravações Boas Tradicionais: geralmente os famosos jazz, folk e clássico, que todo mundo que frequenta feiras e listas de música sugeridas, conhece. Algumas até permanecem nos playlists de algumas pessoas, mas a maioria é desgosto para audiófilos mais modernos que acham que a música de seu gosto pessoal deva ser tocada (o que muitas vezes é uma má ideia), e desgosto para um público jovem que não entendeu o que é Referência e sua razão de ser. Já ouvi gente falando “não aguento mais ouvir aquele jazzinho obscuro que toca em feira” – acontece que esse ‘jazzinho obscuro’ pode ajudá-lo melhor a escolher seu equipamento, upgrades e acessórios do que o ‘rock indie eletrônico obscuro’ que você preferiria ouvir. É uma questão de entender local e finalidade.

– Gravações de Selos Audiófilos: a maioria das pessoas não concorda muito com a escolha musical dessas gravações de selos audiófilos, tanto que estão sendo cada vez menos usadas e menos propagandeadas. Nem todas elas são ruins musicalmente, claro – tem coisas até bem interessantes, se procurarmos bem – mas a maioria delas são incrivelmente bem gravadas. Tem gente que acha que nós, que fazemos testes de aparelhos, só usamos esse tipo de música para nosso trabalho. Saibam que estão redondamente enganados. Esse tipo de gravação não é nem 5% do meu playlist.

O que eu sigo mesmo é a minha seleção pessoal das (In)tradicionais – veja abaixo:

– Gravações Ruins Populares: que podem ser antigas ou modernas, são o rock, o pop e o eletrônico que vão desde a memória afetiva dos anos 70, 80 e 90 desses fãs de música, até o que é mais difundido entre as pessoas mais jovens hoje em dia – música dos anos 2000, 2010 e 2020. Uma matéria que eu li há um tempo atrás falava de vários grupos atuais que estariam fazendo “música inovadora”, e infelizmente era tudo imitação do veio antes, e banal. E esse é o problema: como eu disse, a música é de cada um, mas a qualidade de gravação do rock/pop/eletrônico em geral (com algumas exceções) é sofrível, e é essa música que muitos querem ouvir em sistemas hi-end em demonstrações. Com resultados igualmente sofríveis.

– Gravações Boas (In)tradicionais: cunhei o termo hoje, um trocadilho de palavras. Cabe aqui tudo que não se encaixa nas categorias anteriores, e muito mais. O interessante é que tem rock e têm eletrônico, e tem coisas que não cabem ser chamadas nem de jazz (não estritamente), nem clássico, nem nada que faz o pessoal mais ‘moderno’ sair correndo, rs!

Tem muita coisa boa de música que trafega abaixo da linha do radar – e muito disso foi sugerido aqui na revista, ao longo dos anos, aparecendo nas seções CD do Mês, Vinil do Mês, Música de Graça, e matérias específicas sobre música. Sempre eram gravações com boa qualidade e, ao mesmo tempo, sem serem de baixa ou estranha musicalidade, e sem serem música popular de gosto duvidoso – portanto, as da categoria das (In)tradicionais.

TROCANDO EM MIÚDOS

O pessoal mais velho com dedicação à música bem gravada, ouve aquilo que faz o pessoal mais novo fugir correndo ‘morro abaixo’ com os braços para cima, gritando – não importando que tal música, em geral, faz muito bem o serviço de mostrar as capacidades de um sistema de áudio de alta Qualidade Sonora.

O pessoal mais novo quer que se toque música que, em sua maioria (tenho visto em vídeos de feiras lá de fora) tem Qualidade Sonora duvidosa, e musicalmente faz muito do pessoal mais velho fugir ‘morro acima’ com os braços para cima, gritando – ou seja, no sentido oposto!

E ambos preferem não ouvir música que não seja aquilo que já estabeleceram em suas playlists e, portanto, o que ouvem há anos, da memória afetiva, ou seguir o apelo do ‘atual’ ou do alternativo. Um lado sem renovação, e o outro lado sem expansão de horizontes musicais e sem preocupação com Qualidade Sonora.

Pensando bem, o tradicionalista também não expande seus horizontes musicais! Rs!

A base do problema é igual para os dois.

O endereço de e-mail para considerações ponderadas – e legumes podres voadores – é o de sempre: christian@clubedoaudio.com.br.

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