Teste 4: PRÉ DE PHONO LEHMANN BLACK CUBE II

Espaço Aberto: GRAVAÇÕES (IN)SUGERÍVEIS
abril 6, 2025
Teste 3: CÁPSULA DYNAVECTORTE KAITORA RUA
abril 6, 2025

Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Ultimamente vários amplificadores e receivers estão vindo com uma placa de phono interna – muitas vezes somente para cápsulas MM, em vez de MM/MC, e quase sempre sem um leque de regulagens que permita a adequação mais perfeita e completa de uma cápsula de alto nível com o pré de phono.

E, claro, nem todos esses prés internos aí de cima são decentes.

A partir de que o fã de vinil vá fazendo upgrades consistentes em todo seu equipamento, especialmente no toca-discos e cápsula, e quer continuar sendo ‘modular’ – ou seja, não procura amplificadores e receiver ‘tudo em um’ – é necessário tirar esse gargalo e, também, fazer o upgrade para um pré de phono de alta qualidade, com todas as regulagens – o que muitas vezes é proibitivo em matéria de orçamento.

E é aí que eu penso que entra o pré de phono Black Cube II, da alemã Lehmann Audio – pois seu altíssimo grau de performance foi uma tremenda surpresa! No que me concerne, é um dos grandes ‘Melhor Compra’ do ano de 2025.

Eu sabia da existência da Lehmann há muitos anos – e, depois, sabendo de sua estirpe sonora por causa do pré que o Fernando Andrette já testou, o Silver Cube, que ele define como um upgrade seguro e definitivo em sua faixa de preço.
O que eu não sabia era que o pequeno Black Cube II é herdeiro de primeira categoria do DNA sonoro da marca, e um polivalente em recursos. E, também acho ele o melhor upgrade em sua faixa de preço!

O primeiro Black Cube era, como diz o Fernando, “minimalista e grandioso” – tenho certeza que este, a versão atual, só cresceu e evoluiu acima do outro.

É um pré de phono diminuto (da largura de ‘um celular e meio’), que não tem botão de liga/desliga (fica ligado direto) e pode muito bem ficar atrás do rack, escondido. Sua fonte é separada, ligada ao pré com um cabo longo umbilical que é fixo no lado do pré. E ela tem entrada IEC, portanto pode-se facilmente utilizar um bom cabo de força. E, obviamente, a fonte sendo externa, sua troca pode ser um seguro upgrade futuro.

Como o aparelho é leve, virar ele com uma mão para acionar as chaves dip-switch de configuração que ficam embaixo dele, é uma brisa. Basta zerar o volume da amplificação, pegar o Black Cube II com uma mão, girar de cabeça para baixo, e acionar as chaves necessárias.

Todas as configurações de ganho (MM, MC alta, MC média, MC baixa), mais todas as de carga para MC (100 e 1000 ohms, e 47kOhms ou um valor personalizável, feito dentro do aparelho), e seleção de filtros de graves (passa-altas), estão presentes.

Simples e direto – dentro da proposta, claro.

Em três ou quatro ‘viradas’ dessas, mudei em segundos todas as configurações necessárias para as duas cápsulas que usei: uma MM de saída alta, e uma MC de saída baixa e carga baixa. Em nenhum momento acionei o filtro de graves, pois julguei desnecessário para meu uso, e não gosto de nada cortando nenhuma frequência, limitando.

O Black Cube II é extremamente bem resolvido em matéria de isolamento, e em momento algum ouvi qualquer ruído ou interferência, não importa o volume – mesmo deixando-o em cima do amplificador integrado. Claro que, o tempo todo, utilizei cabos RCA blindados do toca-discos até o pré, e do pré até o integrado – algo que eu eu recomendo como essencial em toca-discos de vinil.

Para os testes, tive apenas que amaciar o aparelho perto de 100 horas, e o mesmo estabilizou. Felizmente não é nenhum estorvo ouví-lo sem amaciamento, pois o som mais sujo desaparece logo, e de crítico apenas fica faltando extensão de graves, e um bocado de corpo harmônico. Ambos logo estabilizam à contento.

EQUIPAMENTO DE TESTES

O Lehmann Black Cube II foi testado com os seguintes equipamentos: toca-discos MoFi StudioDeck, cápsula Moving Coil Le Son LS10 MkII e Moving Magnet MoFi MasterTracker, entre outras. Amplificadores integrados Gold Note IS-1000 MkII (com pré de phono), e Aiyima D03. Caixas acústicas MoFi SourcePoint 8, e caixas torre Elac Debut 2.0 F5.2. Os cabos de caixa foram VR Audio linha Storm Trançado, cabos RCA variados, e cabo de força Transparent PowerLink MM. E, também, centenas de discos de vinil nacionais e importados, de vários estilos musicais (rock, trilhas, clássicos, jazz etc).

INSTALAÇÃO & CONFIGURAÇÃO

A instalação foi tranquila, começando com a cápsula MM e todas as chaves ‘dip’ desligadas – configuração padrão para MM.

Na sequência, com o uso da MC Le Son LS10 MkII (leia teste na edição 315), a maior parte de seu amaciamento foi com a carga em 1000 ohms, e o ganho para MC de saída média – ganho o qual tocou muito bem, mas achei no final que o som ficou mais redondo com o ganho para MC de saída alta. E, no final, o melhor Equilíbrio Tonal, sem perda nenhuma de dinâmica ou de corpo, se deu com a carga em 100 ohms – que era, aliás, a configuração mais próxima da sugerida pelo fabricante, a Le Son.

Minha paranoia de moço de cidade grande, acha um pouco estranho não ter um botão para desligar o pré de phono, mas ele é quietinho, e a única coisa é se acostumar com a luzinha azul. Claro que, em dias de tempestade, eu sempre desligo o sistema inteiro da tomada.

A combinação do ultra silêncio de fundo do Lehmann, mais o ultra silêncio de fundo do toca-discos MoFi (e a Le Son, que não fica muito atrás, com o tracionamento quieto de sua agulha shibata), resultaram em uma combinação quase sobrenatural. Com um disco em bom estado pode-se tocar meia hora para alguém dizendo que é ‘digital’, e o cara vai acreditar, de tão silencioso.

COMO TOCA

Em poucas palavras? Limpeza, definição, timbre, silêncio de fundo, palco fenomenal, excelentes Texturas, e Transientes ‘sem fazer força’. Passa a sensação de estar ‘descongestionando’ discos de menor qualidade, sem esforço.
Para o Lehmann Black Cube II tocar mal um disco, é porque o disco é intensamente mal gravado.

O lado bom do Equilíbrio Tonal? Clareza, limpeza, descongestionamento, timbre irretocável, resolução. O que pode melhorar? Melhor resposta de graves, mais pesados (sem perder definição) e que, em conjunto com melhor corpo, fariam o Black Cube II decolar para a Via Láctea. Não me entendam mal: o som dele é sensacional do jeito que está, e quem tem um sistema com boa folga em graves e corpo, não sentirá nada ‘aquém’ no som.

Por isso falo em pensar seriamente no upgrade de fonte de alimentação da própria Lehmann Audio – que existe disponível para o Black Cube II – pois acredito que ele assim subiria alguns pontos na sua nota final, e nas notas de Equilíbrio Tonal e Corpo Harmônico!

O lado bom do Palco Sonoro? É mais fundo e limpo que piscina de rico. O interessante é que não parece haver ‘camadas’, e sim algo contínuo, onde instrumentos podem estar aparecendo no que seriam ‘camadas intermediárias’. O que pode melhorar? Manter esse mesmo palco, mas com um Corpo Harmônico melhor nas médias – aí a manifestação 3D viraria algo fantasmagórico, de outro mundo.

O lado bom das Texturas? Um exemplo que me vem à cabeça, é: quando você ouve um baterista bater quatro vezes seguidas na caixa, por exemplo, com esse pré cada uma das batidas é diferente uma da outra em sua textura e, portanto, em sua intencionalidade – e com um pré mais simples, as mesmas quatro batidas soam iguais umas às outras, soam igualadas. Esse é um dos melhores exemplos para as pessoas entenderem o quesito Textura, que eu posso pensar. E, detalhe, essa gravação em questão, da bateria, é decente, mas não é ‘audiófila’, não é uma mega gravação. Mais um ponto para o Lehmann!

A sensação de descongestionamento – e esse nível de intencionalidades – não é possível sem se ter Transientes, Macro-dinâmica e Micro-dinâmica, corretíssimos.

O que é bom no Corpo Harmônico? Ele é correto, muito bom nos agudos e decente nos graves, e é melhor que o de muito pré de phono nessa faixa de preço. Dá para viver bem com ele, e eu estou adorando o alto nível do analógico aqui no meu sistema! Então o que pode melhorar? Um Corpo Harmônico melhor nos graves e nos médios, elevaria este pré à um nível de ficar de boca aberta. Vou ver se consigo experimentar algum upgrade de fonte de alimentação.

A questão com a Organicidade é que, com o Lehmann, o palco e as texturas fazem você dar nova vida aos seus discos, ouvindo coisas que nunca ouviu, ou ‘como nunca ouviu’. Mas o corpo harmônico não leva você para dentro do acontecimento musical, magicamente – não ainda. Mas, vejam, precisa de equipamentos muito mais caros do que este, para isso acontecer, então ele já, nessa nota e preço, está no lucro.

CONCLUSÃO

O pré de phono Lehmann Black Cube II é um achado!

Da mesma maneira que seu irmão mais graduado, o Silver Cube, é um Best Buy em sua faixa de preço, o Black Cube II também é. E ainda mais, porque recebe uma nota altíssima para sua etiqueta de preço e seu leque de funcionalidades.

Quem tem orçamento limitado, e quer tirar o máximo que pode do mesmo, considero o Lehmann Black Cube II a melhor opção disponível no mercado brasileiro hoje.

E, quem se encantar – como eu – com o Black Cube II, não se esqueçam de já reservarem para seu próximo upgrade, a adição da fonte de alimentação melhor da Lehmann Audio.


PONTOS POSITIVOS

Pré de Phono de Referência no segmento de entrada.

PONTOS NEGATIVOS

Por esse preço e com essa nota, nada!


ESPECIFICAÇÕES

Sensibilidade para nível de saída 775 mV/ 0 dB– MM: 3,8 mV (1 kHz)
– MC: 0,38 mV (1 kHz)
Ganho (1 kHz)MM: 46 dB; MC: 66 dB
Nível máximo de entrada (1 kHz)MM: 45 mV; MC: 4,5 mV
Relação sinal/ruídoMM: 71 dB; MC: 63 dB
Ganho36 dB, 46 dB, 56 dB, 66 dB
Separação de canais85 dB a 10 kHz
Impedância de entrada47 kohms, 1000 ohms, 100 ohms
1 x carga personalizada
Impedância de saída47 ohms
Capacitância de entrada100 pF
Diferença entre canaistípico 0,5 dB
Filtros de graves16 configurações entre 7 Hz e aprox. 90 Hz
Consumo de energia< 3 W
Dimensões (L x A x P)– Seção de áudio: 114 x 50 x 124 mm
– Fonte de alimentação: 70 x 55 x 115 mm
PesoSeção de áudio incl. cabo para fonte de alimentação: 0,65 kg
Fonte de alimentação: 0,3 kg
PRÉ DE PHONO LEHMANN BLACK CUBE II
Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 13,0
Textura 13,0
Transientes 12,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 11,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 12,0
Total 95,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
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