Teste 3: CÁPSULA DYNAVECTORTE KAITORA RUA

Teste 4: PRÉ DE PHONO LEHMANN BLACK CUBE II
abril 6, 2025
Teste 2: CAIXAS ACÚSTICAS PERLISTEN S7T SPECIAL EDITION
abril 6, 2025

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Que o Japão oferece ao mundo audiófilo excelentes cápsulas MM e MC, isso não é nenhuma novidade.

E se as novas gerações olham para sistemas analógicos com um misto de incredulidade e reverência, muito se deve ao fato dos fabricantes de cápsulas hi-end do Japão, terem heroicamente sobrevivido aos anos de ouro do CD-Player.

E a Dynavector é um expoente que não se abalou pelas fracas vendas do final do século 20 até toda a primeira década do século 21, mantendo seu portfólio atualizado e lançando apenas versões pontuais de seus carros chefes, do final do começo dos anos 80.

Quando me perguntam o que mais admiro nas cápsulas da Dynavector, o que me vem imediatamente é seu grau de coerência e consistência de toda sua linha de cápsulas MC.

Seu fundador, professor de Magnetismo na Universidade de Tóquio por várias décadas, o Dr Tominari, sempre foi um desbravador de novos caminhos e para ele, desde sua primeira cápsula, seu objetivo foi aprimorar a capacidade de rastreio dos sulcos do disco e a resposta de fase.

Pois sem essas qualidades, não se pode alcançar com precisão outros dois objetivos: ritmo e tempo.

E esse conceito você ouvirá em todos os produtos deste fabricante. Diferenciados apenas pelo grau de requinte final e nunca pela ausência de alguns desses conceitos estabelecidos pelo Dr. Tominari.

Outro diferencial a ser levado em conta por audiófilos experientes, é o fato de a Dynavector ter vários de seus produtos em linha sem nenhuma mudança por períodos longos (alguns com até uma década de mercado).

E aí fica a seguinte questão, para os que tiverem o interesse em escutar essas cápsulas: elas já foram ultrapassadas pela concorrência, ou quando colocadas no mercado eram tão superiores que ainda hoje continuam sendo uma referência em sua faixa de preço?

Essa resposta eu irei passar a vocês em dois testes. Primeiro avaliando a Te Kaitora Rua, que recebeu seus primeiros testes entre 2010 e 2011 – o que a coloca em linha sem alteração por mais de uma década!

E ainda em uma das edições do primeiro semestre, o teste da top de linha, a DRT XV-1t, também sem alterações a mais de uma década.

O desenvolvimento e o nome da Te Kaitora Rua são um caso à parte na linha das cápsulas da Dynavector, pois ela foi solicitada pelo revendedor da Nova Zelândia ao fabricante japonês.

“Te Kaitora” significa “O Descobridor”, na língua do povo Maori, e “Rua” significa revisitado ou segundo.

A Dynavector topou e incluiu nesse modelo um amortecedor magnético só utilizado nas suas duas melhores cápsulas: DRT XV-1s e DRT XV-1t. Além de bobinas ultrafinas de prata de alta pureza.

Ao ouvir o projeto original da Te Kaitora, o importador da Nova Zelândia pediu uma alteração: substituir a bobina de prata por cobre PCOCC, para suavizar os agudos, e com um corpo de titânio para uma máxima rigidez, em vez do corpo de alumínio original com a bobina de prata.

No resto, o projeto se manteve fiel ao original, com cantilever de boro de 6 mm de comprimento, com a agulha de linha Pathfinder – como a também usada na XV-1s e na XX-2. Completam ímãs de alnico e a engenhosa armadura em formato quadrado, para melhorar a linearidade do fluxo magnético.

Como toda Dynavector, sua instalação é para homens experientes e com nervos de aço. Pois encarar aquela agulha desnuda enquanto se coloca os parafusos e a encaixa no braço, é para mim – hoje aos 67 anos – como levar nas mãos com os olhos vendados carregando nitroglicerina em um desfiladeiro.

Sabendo de minhas limitações, deixei o trabalho para o competente André Maltese, como sempre!

Ela foi instalada no nosso braço Origin Live Enterprise C Mk4, e usando o pré de phono Soulnote E-2. O resto do sistema, além do nosso de Referência, teve também os integrados Norma Revo 140 e Soulnote A-3. As caixas foram Estelon X Diamond Mk2, Stenheim Alumine Five SE (leia teste na edição de maio), Audiovector Trapeze Reimagined (leia teste em junho), e Perlisten S7t Limited Edition (leia Teste 2 nesta edição).

Se tem algo que sempre torço, é que a cápsula permita escutá-la desde o primeiro momento, e que seu amaciamento não seja longo demais. Parece que os deuses da audiofilia (se é que existem), foram condescendentes e nos deixaram apreciá-la assim que o Maltese acabou o ajuste.

Essa é a primeira boa notícia. A segunda é que seu tempo de amaciamento foi menor que as 50 horas que imaginei que seria necessário. Com 38 horas, o equilíbrio tonal se encaixou de maneira uniforme, e com 45 horas não notei mais nenhuma mudança.

Permitindo até fazermos o ajuste definitivo de impedância no pré da Soulnote, que ficou em 300 ohms.

Impressionante como uma cápsula com mais de uma década no mercado está tão atualizada e correta. É simplesmente admirável, meu amigo, e aqui está a resposta da questão que levantei acima.

As Dynavector em linha continuam a nos surpreender com seu nível de performance.

Seu equilíbrio tonal é muito correto. Graves com excelente energia, peso, fundação e velocidade. A região média tem uma precisão que nos permite destrinchar todo o tecido musical sem esforço, e os agudos ótima extensão com decaimento suave.

Soundstage de cápsulas Estado da Arte têm uma imagem 3D encantadora. São planos e mais planos, com profundidade, largura e altura. Foco, recorte e apresentação de ambiência de nos fazer mergulhar no acontecimento musical.

As texturas vão muito além do trivial e do esperado de uma excelente cápsula. Pois seu grau na apresentação de intencionalidades é muito revelador e impactante!

Imagine você poder compreender a razão do solista ter dado aquela semitonada proposital para fazer a passagem complexa de alturas das notas ficar mais suave, e que em outras cápsulas ‘esforçadas’ essa passagem parece um deslize ou erro, e não algo intencional para resolver da melhor forma aquele desafio.

A Te Kaitora Rua é desse nível na apresentação de texturas, meu amigo!

Os transientes desde sempre foram uma das principais virtudes de qualquer Dynavector – tanto que meu pai brincava: “Quer ver um amplificador valvulado vintage ‘acordar’? Instala uma Dynavector!”.

E ele usou essa solução dezenas de vezes!

Ritmo, tempo, alteração de andamento, jamais soarão displicentes ou sem graça. E a Te Kaitora Rua faz a lição de casa com maestria.

O mesmo com macro e microdinâmica – nada a fará dobrar as pernas, ela entrega exatamente como recebeu o sinal. Se der algum problema, tenha certeza de que o problema está na eletrônica. Pois sua leitura dos sulcos é de uma integridade absoluta.

E as micro-variações também são uma das maiores características de todos os modelos deste fabricante.
Dizem que a versão japonesa da Te Kaitora com fios de prata, soavam mais magras e tinham mais extensão nos agudos. Mas como eu nunca ouvi, não posso afirmar. A versão com a mão do distribuidor da Nova Zelândia, não soa magra em nenhuma hipótese.

O corpo harmônico é de uma fidelidade impressionante.

Quer fazer a prova dos nove? Coloque um órgão de tubo ou o quarto movimento da Nona Sinfonia de Beethoven quando entra o coral. E você terá a medida exata do corpo harmônico soando à sua frente.

O mesmo em relação ao quesito Organicidade – se queres fazer audições em que todos se materializam na sua sala, ouça os LPs do Frank Sinatra do começo de carreira, lançados pela Capitol, ou os da Verve da Ella & Armstrong. Esses são exemplos máximos para você mostrar aos amigos céticos a razão de um sistema analógico bem ajustado deixar em choque os que nunca ouviram essa topologia na vida.

Eu já fiz essa ‘maldade’ com amigos dos meus filhos, e vizinhos.

CONCLUSÃO

Eu tenho que confessar que não esperava que uma cápsula com mais de uma década desde seu lançamento, estivesse ainda hoje em tão alto nível de performance, por mais que conheça e tenha indicado para inúmeros leitores cápsulas desse fabricante ao longo dos 29 anos da revista.

Sempre admirei a marca e sempre achei sua relação custo/performance muito alta.

Porém ouvir na nossa sala, em nosso Sistema de Referência, a terceira cápsula mais refinada da Dynavector, foi realmente uma sonora surpresa!

Se você busca uma cápsula definitiva com as qualidades aqui descritas, ela é uma forte candidata a conquistar seu coração.


PONTOS POSITIVOS

Excelente performance, com alto grau de musicalidade.

PONTOS NEGATIVOS

Exigirá um tocas-discos e braço à sua altura, assim como um pré de phono.


ESPECIFICAÇÕES

TipoCápsula Moving Coil – MC – de saída baixa, com amortecedor de fluxo e ímã alnico
Tensão de saída0.26 mV (a 1 KHz, 5 cm/seg.)
Separação de canais30 dB (a 1KHz)
Equilíbrio do canal1,0 dB (a 1kHz)
Resposta de frequência20 a 20.000 Hz (± 1 dB)
Compliância10 mm/N
Força de rastreamento1.8 a 2.2 g
Impedância6 ohms
Carga recomendada30 ohms
CantileverBoro sólido de 6 mm de comprimento
Perfil do diamantePF Line Contact, raio da agulha de 7 x 30 mícrons
Peso9,8 g
CÁPSULA DYNAVECTOR TE KAITORA RUA
Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 13,0
Textura 13,0
Transientes 12,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 11,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 12,0
Total 95,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
SINFÔNICA                    
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