Influência Vintage: CASSETTE-DECK PIONEER CT-95

Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Equipamentos Vintage que fazem parte da história do Áudio

O termo Vintage tem a ver com ‘qualidade’, mais do que ‘ser antigo’. Vem do francês ‘vendange’, safra, sobre uma safra de um vinho que resultou excepcional. ‘Vintage’ quer dizer algo de qualidade excepcional – apesar de ser muito usado para designar apenas algo antigo.

Nesta série de artigos abordamos equipamentos vintage importantes, e que influenciam audiófilos até hoje!

MADE IN JAPAN

O domínio do Japão sobre o áudio mundial, da década de 70 até a de 90, trouxe todo tipo de equipamento – desde o mais simples, ‘consumer’, com zero preocupação com qualidade de som, até uma série de coisas muito elaboradas, bem pensadas e bem construídas – e não falo só de Hi-Fi, mas também de equipamentos que faziam parte do Hi-End, da Audiofilia de muitos.

Era uma época quando o aparelho de som era mais importante que a televisão, todo mundo escutava e apreciava música, e o uso da fita cassete era intensamente difundido. E muitos audiófilos tinham ou procuravam ter um deck que fosse realmente de alta qualidade.

Empresas japonesas como a Teac, Sony, Akai, Technics, procuraram fazer tape-decks superiores, super-decks, para competir com a rainha Nakamichi (a nata da nata) – e para suprir os audiófilos que, ano após ano, pediam uma Qualidade Sonora cada vez maior.

Uma dessas empresas que se dedicou a fazer vários bons decks, inclusive no final da era do cassete (na década de 90), onde havia maior facilidade do uso tecnologia embarcada mais complexa ser mais ‘custo-benefício’, foi a Pioneer.

O TAPE-DECK CASSETE CT-95 DA PIONEER

Entre 1993 e 1994, a Pioneer no Japão fabricou o que seria um de seus melhores tape-decks de 3 cabeças, que é, até hoje, considerado por muitos fãs como o deck definitivo. Seu maior feito é sua resposta de frequência – segundo a Pioneer! – de 10 a 30.000Hz (± 6 dB) com fita Metal! Um feito que não seria repetido nem pela própria marca, já que, por ser um dos últimos Pioneer a usar sua mecânica de referência, provavelmente os aparelhos seguintes também teriam barateado em partes do circuito – o que não quer dizer que gravassem mal, pelo contrário.

O CT-95 carrega todas a tecnologias criadas para um tape-deck pela marca Pioneer, como a mecânica mais precisa e silenciosa Reference Master Drive com capstan duplo, maior faixa dinâmica com o Dolby HX Pro, melhores sistemas de redução de ruídos com os Dolby B, C e S, regulagem automática computadorizada para o Bias e Equalização específica Super Auto BLE que calibrava ‘fita-por-fita’ antes de gravar – e que tinha a possibilidade de ajuste fino manual – entre outros recursos.

E é bonito pacas! E a tampa, além de abrir ao apertar o botão, fechava ao apertar o botão! A gente se sentia como uma criança dos anos 70 e 80 que mexeu pela primeira vez em um vidro elétrico de carro – não consegue parar de brincar com o negócio! rs!

A mecânica do CT-95 garantia silêncio e baixa flutuação de velocidade, trazendo precisão de gravação e reprodução, e a parte eletrônica toda promovia gravações que, nos sistemas da época, não decepcionavam ninguém.

Por dentro

Com uma etiqueta de preço de aproximadamente 600 dólares em 1994 (o que daria 1300 dólares em valores de hoje), se tinha uma coisa que o CT-95 não era, era barato. Era um aparelho requintado, para audiófilos requintados, como o nosso editor Fernando “Gigante do Ringue” Andrette – que, não por coincidência, tinha um CT-95.

O preço de um CT-95 em bom estado, revisado, no mercado de usados mundial, pode hoje passar facilmente de 1000 dólares! Se o estado estiver mais perfeito que bolo de casamento de rico em filme, pode botar a etiqueta chegando perto dos 2000 dólares.

É um dos decks mais valorizados e procurados pelos aficionados incontíveis de fitas cassete.

MODELOS SEMELHANTES

Da própria Pioneer, existem alguns. O modelo japonês T-1100S é o próprio CT-95, e o T-1000S é o CT-93, um modelo abaixo com a mesma cara e muitos dos mesmos recursos. Curiosamente, para o mercado japonês eles saíram com controle remoto infravermelho, sem fio. Nunca entendi porque isso não foi para outros mercados, já que nos anos 90 tudo até geladeira já devia ter controle remoto!

Pioneer CT-43 Elite

A própria Pioneer teve, nos anos anteriores, vários decks que facilmente competiriam com o CT-95, como o CT-91, o CT-A9 e o CT-9R – que se perdessem do CT-95 em qualidade de gravação e recursos, seria por pouco.

Pioneer CT-A9
Pioneer CT-91

E, além desses, tem o Pioneer CT-43 da série Elite – que, não por coincidência, tem a mesma cara e recursos do CT-95, e algumas más línguas diziam que era inferior a ele, mesmo custando a mesma coisa. Mas, era mais bonito, com a frente preta com escritas em dourado e as laterais de madeira.

De outras marcas, com os mesmos recursos, na mesma época temos o Aiwa XK-S9000 (13Hz a 24kHz ±3dB em fita Metal), o Sony TC-KA7ES (15Hz a 22kHz ±3dB em fita Metal), e o belíssimo Teac V-8030S (15Hz a 21kHz ±3dB em fita Metal). E se medirmos o CT-95 dentro de ±3dB, provavelmente chegaremos a uma resposta de frequência semelhante a estes acima.

Aiwa XK-S9000
Teac V-8030S

Apesar de tudo isso, todas essas especificações, algumas marcas tiveram decks ‘sérios’ com preços de 3 a 6 vezes o preço do CT-95. Será que esses especiais são os ‘hiper-decks’, enquanto o Pioneer é ‘super-deck’?

Qual desses todos citados grava com mais fidelidade e Qualidade Sonora? Só testando. Se alguém tiver todos eles e queira que eu faça o teste deles em um sistema hi-end atual, basta entrar em contato.

COMO TOCA / GRAVA O CT-95

Medições de um modelo abaixo semelhante, o CT-93, que usa a mesma mecânica e diz ter resposta de frequência até 25kHz em fita Metal, acusaram um resultado plano até perto de 20kHz, depois despencando 6dB ou mais – o que era de se esperar.

O desempenho real do CT-95, apesar da resposta de agudos alegada de 30kHz, deve ser o mesmo desse outro modelo, e o mesmo dos grandes super-decks da década anterior.

Lembrem-se que resposta de frequência é um aspecto Quantitativo: fala de quantidade de graves, médios e agudos, e não de Qualidade. Tape-decks cassete realmente bons que existiram, soam bem decentes e musicais, bem corretos, mas nada que chegue em uma fonte digital decente da audiofilia atual.

Mas, muito além da resposta de frequência, e do fetiche de muitos, decks bons de fita de rolo estão em um nível muito, muito acima do cassete.

Comentários de muitos fuçadores de fóruns especializados na Internet, é que o CT-95 não é do mesmo nível de precisão mecânica de um Nakamichi, um Tandberg ou mesmo um Revox da era de ouro, da década anterior. Assim como, dizem que ele não chegaria na qualidade de seus predecessores super-equipados de 3 cabeças CT-91 e CT-A9.
Adoraria fazer essa comparação, também. Sempre quis por esses super-decks da Era de Ouro em um sistema atual, para ver realmente até onde chegam, com bons cabos RCA e, se possível, com um bom cabo de força.

SOBRE A PIONEER

A Pioneer Corporation (Paionia Kabushiki-gaisha), sediada em Tóquio, no Japão, foi fundada por Nozomu Matsumoto em 1938, para consertar rádios e alto-falantes. É especializada em eletrônicos de consumo que, na maior parte de sua história, foram equipamentos e caixas de som.

A empresa introduziu no mercado, em 1962, seu primeiro aparelho de som modular e, na década de 70, em sociedade com a Warner Bros, passaram a ser distribuidores no Japão do catálogo fonográfico de todos os selos pertencentes à Warner/WEA, até 1990. A partir de 1981, foram uma das empresas mais ativas no desenvolvimento do Laserdisc, e na fabricação de receivers e equipamentos para hi-fi, assim como uma das pioneiras nos aparelhos de DVD – além do mercado de som automotivo, GPS, equipamentos para DJ, drivers de CD/DVD/DVD-RW para computador, TVs de plasma e, depois, de LED e OLED, entre vários outros.

A divisão de Home Audio da Pioneer havia sido vendida para Onkyo em 2015. Mas, apesar da Onkyo ter notoriamente pedido falência, as marcas de áudio Pioneer e Elite haviam sido, em 2021, vendidas pela Onkyo para a companhia americana Voxx International – proprietária das fabricantes de caixas Klipsch e Jamo, entre várias outras.
Bom abril – e não deixem a música parar!

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