Vinil do Mês: FRANK SINATRA – ALL ALONE (REPRISE, 1962)

Influência Vintage: CAIXAS ACÚSTICAS SPICA TC-50
maio 9, 2025
Eventos: COBERTURA WORKSHOP HI-END SHOW 2025
maio 9, 2025

Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Todo mês um LP com boa música & gravação

Gênero: Jazz Vocal

Formatos Interessantes: Vinil Importado

Quem me conhece sabe que não faço segredo ao dizer que Sinatra é o melhor cantor de todos os tempos, a melhor voz, a melhor técnica, o “The Voice” (“A Voz”) – um termo cunhado, segundo lenda, pelo crítico de música americano Henry Pleasants, que dizia que ele podia subir mais do que geralmente fazia, principalmente quando sua voz era jovem, nos anos 40 e 50. Depois, nos anos 60 sua voz ‘escureceu’ – como era de se prever – e seus registros mais
graves dessa época estão entre seus melhores. Isso entre várias outras avaliações dele, e elogios.

Mas, tirando capacidade vocal, a técnica de Sinatra era impecável e seu timbre e personalidade irão sobreviver por toda a eternidade – porque, meu amigo, quando você gosta de Sinatra, sentar e ouvir um bom disco seu é um deleite como poucos. É pura musicalidade! Não é à toa que é lembrado e ouvido hoje em dia, desde seu começo de carreira no final dos anos 30, até os anos 80, tendo vendido mais de 150 milhões de discos, e lotado shows atrás de shows.

Frank passou por dois Grandes Períodos na vida: o primeiro, quando começou como cantor nas big bands de Harry James e Tommy Dorsey, na década de 30, o que lhe entregou ao mundo, e lhe trouxe fama para, na década de 40 começar seu trabalho solo e estrelar a ‘Sinatramania’, que durou até o final da década. Com a virada dos anos 50, uma má imprensa sobre rumores de ligações com a máfia italiana (os quais ele carregou a vida inteira), trouxeram a decadência do sucesso de Sinatra, com o fim de seu casamento com Nancy, sua falência pessoal, e uma hemorragia na garganta que lhe fez perder a voz por um tempo.

Contracapa

Aí que Sinatra foi cantar em Las Vegas, para pagar as contas – e acabou sendo um dos responsáveis não só pela criação da força do entretenimento musical na cidade, como pela proliferação de sua fama como cidade dos cassinos, que ainda perdura firme e forte. Sinatra quase que literalmente ajudou a trazer Las Vegas para o mapa.

Seu Segundo Grande Período de sucesso aconteceu a partir de seu papel no filme A Um Passo da Eternidade, de 1953, que lhe valeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e causou no público um interesse quase frenético em seus discos e shows. De 1953 à 60, seu contrato com a Capitol Records resultou em alguns de seus melhores e mais famosos trabalhos.

Selo do Disco

Em 1960, descontente com brigas dentro da Capitol, Sinatra quase comprou o selo Verve Records das mãos de Norman Granz, mas acabou por fundar seu próprio selo, o Reprise – que contém alguns de meus discos preferidos dele, e com o qual eu considero seu período mais maduro musicalmente, apesar da voz mais escura.

É desse período o belo All Alone (Reprise, 1962), com arranjos e direção de orquestra de Gordon Jenkins, com quem já havia gravado Where Are You? (Capitol, 1957), entre outros.

Com a liberdade de seu próprio selo, foi um período muito prolífico de sua carreira, com colaborações com Nelson Riddle, Count Basie, Sammy Davis Jr, Dean Martin, Tom Jobim, entre muitos outros.

Apesar de se declarar aposentado no começo dos anos 70, Sinatra fez alguns discos e shows emblemáticos nos anos 70 e 80 – alguns televisionados para o mundo inteiro! Mas, sua década de 60 ainda é, para mim, seu período mais interessante.

All Alone é seu 27o. disco de estúdio, lançado quando ele tinha 47 anos de idade, e traz 11 canções, sendo 5 de autoria do célebre Irving Berlin (que é famoso mundialmente por várias obras como White Christmas, Cheek to Cheek e There’s No Business Like Show Business, entre muitas outras).

Frank Sinatra

A faixa mais conhecida de All Alone é realmente “Are You Lonesome Tonight?” – a qual você pode ouvir um trecho através do link no final deste artigo. O disco foi gravado, como se fazia à moda antiga, em apenas 3 dias consecutivos, em sessões das 8 da manhã às 11 da noite, no estúdio Hollywood United Recording, em janeiro de 1962.

Para quem é esse disco? Para os fãs de Frank Sinatra e de jazz vocal à moda antiga. É um dos discos mais suaves e emotivos de Sinatra, com arranjos elegantes, de bom gosto.

Prensagens boas? A prensagem nacional não pode ser chamada de ‘ruim’, mas não chega a uma prensagem importada das boas. Então, a melhor pedida são as prensagens japonesas, que existem duas dos anos 60 e uma de 1985. Em segundo lugar, eu diria para pegar uma das prensagens americanas, de preferência uma da década de 60 mesmo – se estiver em bom estado – ou uma das várias da década de 70, mas tomar cuidado para que sejam em estéreo (sim, existem prensagens mono desse disco). Eu ficaria longe das prensagens inglesas – não sei por que motivo, mas todas as prensagens inglesas de discos do Sinatra que eu ouvi, são mal gravadas. E até onde eu sei, esse disco não saiu em prensagens de 180 gramas modernas.

Um maio muito musical a todos!

Ouça um trecho de Are You Lonesome Tonight?,

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