Teste 2: TOCA-DISCOS ORIGIN LIVE SOVEREIGN MK4

Teste 3: CÁPSULA HANA UMAMI RED
maio 15, 2021
Teste 1: NAGRA CLASSIC PHONO
maio 15, 2021

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

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Uma vida apenas, para um revisor de áudio ouvir tudo o que de melhor se fez em termos de hi-end, é muito pouco.

Por mais que ele tenha tido o privilégio de ter nascido no Primeiro Mundo, tenha conseguido ser contratado aos 25 anos para já fazer resenhas, graças ao seu talento com a escrita e o ouvido afinado, e tenha uma condição genética admirável para que sua gloriosa carreira se estenda por meio século, a quantidade de aparelhos testados será uma fração do que este universo hoje apresenta.

Sabedor desta limitação incorrigível, se ele não perder a humildade e mantiver os pés no chão, ele jamais cairá na tentação em afirmar (em nenhum momento de sua carreira), que “tal” produto é a referência absoluta em seu segmento. Pois ele, muito rápido, perceberá que na indústria de ponta o permanente é como a espuma de uma gigantesca onda quando chega a areia, e nada mais que isso!

Nossos leitores mais antigos são testemunhas que deste “cálice” nunca bebi, pois ainda que escute e avalie produtos excepcionais, eu sempre tomo o cuidado em lembrar que se eu não escutei todos, não posso afirmar que aquele em teste seja o melhor do mundo!

E, cá para nós: será que realmente existe o melhor dos melhores? Pois em que condições poderíamos com segurança afirmar isso? Morrerei sem ter esta resposta. Então o que sei, que posso compartilhar com vocês leitores?

Que alguns produtos, dos mais de 1.700 testes publicados nos 25 anos da revista, atingem um grau de performance tal que descrever suas virtudes fica tão difícil quanto falar em detalhes de algo que nunca vimos antes. Este desafio nos foi proposto tanto neste teste, quanto no Teste 1 desta mesma edição.

Mas, quiseram os deuses do Olimpo, que tivéssemos ambos ao mesmo tempo, para poder nos ajudar a dar a eles a maior sinergia possível. Não me lembro de nenhum outro momento da história da revista em que tivemos este privilégio, de testar na mesma edição dois produtos tão diferenciados em termos de performance, simultaneamente.

É claro que essa “conjunção” ajudou enormemente, até para entender a magnitude de ambos produtos. Fico feliz que essa condição tão favorável tenha ocorrido justamente em uma edição de enorme significado para nós. Pois não é todos os dias que uma revista segmentada comemora um quarto século de existência (ainda mais em um país como o nosso, em que o hi-end é visto como algo elitista e um “acinte” à nossa realidade econômica).

Quando as pessoas me perguntam meu ramo de trabalho (principalmente nos voos) e digo o que faço, as que não reagem com desdém, se surpreendem que exista equipamentos de áudio que custem mais que uma casa ou um carro – ainda que o mercado de joias, bolsas de grife, relógios, etc, concorram diretamente com o áudio hi-end e sejam dez vezes maiores que o nosso segmento.
Estou tão acostumado com a reação do leigo, que procuro ser sempre o mais sucinto possível sobre as principais características e motivos que levam uma pessoa a gastar tanto tempo e dinheiro na busca do sistema dos sonhos.

Foco sempre nas virtudes de se ouvir música, e nos seus reflexos para nossa saúde física, mental e emocional. E este enfoque costuma dar resultado, pois aí o interlocutor costuma mudar as perguntas tirando o peso dos valores do sistema, para as vantagens de bem estar! E quando falo que a neurociência estuda com afinco os efeitos positivos da música em nossas vidas, o interesse (principalmente das mulheres) cresce consistentemente.

Claro que isso não pode ser visto como uma pesquisa qualitativa de tendências, mas ao menos revela que as mulheres aparentam estarem mais preocupadas com sua saúde como um todo, do que os homens.

Voltando ao teste, se já é difícil explicar ao leigo o que um sistema hi-end pode fazer pelo seu bem estar, o mesmo ocorre ao tentar falar de um produto que irá fazê-lo rever todos os seus conceitos e, acima de tudo, descobrir que o seu patamar de referência será completamente revisto. Este é o caso desses dois Testes (1 e 2), em que os produtos avaliados se encontram muito acima dos melhores produtos por nós já avaliados aqui na revista. E não falo apenas em pontuação superior, falo principalmente em conceito na forma de buscar soluções para a melhoria da performance.

Como sou um “rato” de informação e conhecimento, acompanho a Origin Live desde o tempo em que tive um Rega Planar 3 (estava ainda na revista Audio News), e li na Hi-Fi Choice sobre acessórios produzidos por este fabricante, também inglês, para “turbinar” o braço RB300 da Rega. Sinceramente, achei que parecia mais uma atitude de uma empresa querendo viver à sombra de outra já muito bem estabilizada, e não me interessei. Afinal, meu Planar 3 me atendia perfeitamente naquele momento.

Alguns anos depois, descubro que esta mesma empresa tinha ganhado “autonomia” de voo, e começou a apresentar seus próprios braços e, posteriormente, seus toca-discos. Mais alguns anos, e começaram a sair excelentes críticas de ambos. Aí coloquei de vez a Origin Live em meu radar, e quando eu faço isso, amigo leitor, significa que toda informação me será útil e irá para a minha lista de produtos a serem escutados.

Mas, sinceramente, jamais tive a ilusão que um dia haveria distribuição aqui, pois já temos marcas de toca-discos suficientes para um mercado tão restrito. Até que o Giovanni e o Robson Mozer da Timeless me apresentaram o seu primeiro toca-discos, o Ceres, e o braço que enviaram para teste foi um Origin Live!

Fiquei surpreso e, ao mesmo tempo, ansioso como uma criança na véspera de Natal, para saber se era tudo que realmente sempre li. Foi paixão à primeira vista!

O resultado foi tão impressionante em termos de informação, que jamais havia extraído com o conjunto SME Series V e cápsula Soundsmith Hyperion 2, que tomei uma decisão radical e coloquei à venda meu SME V (companheiro e minha referência de uma década) e comprei o Enterprise de 12 polegadas sem ouvir – algo que jamais fiz antes em minha carreira de editor!

Pois se, com o braço de 9,5 polegadas, dois modelos abaixo do Enterprise, o resultado foi tão avassalador, não havia motivo para adiar este upgrade.

Meu novo braço chegou, e foi imediatamente instalado no Acoustic Signature Storm, em substituição ao SME V, e como brinco: foi o massacre da serra elétrica. Elevando meu setup analógico para um outro patamar de transparência e musicalidade.

Mas, a maior surpresa ainda estava por vir, pois na entrega do Ceres, a Timeless me comunicou que haviam pego a distribuição da Origin Live, e que eles tinham interesse que testássemos o toca-discos Sovereign Mk4, justamente com o braço Enterprise de 12 polegadas, que é a indicação do fabricante para se extrair o máximo de ambos os produtos.

Foi como juntar a fome com a vontade de comer!

Junto com o Sovereign recebemos na mesma semana o pré de phono da Nagra (leia Teste 1 nesta edição), o que foi um daqueles acontecimentos raros que ocorrem uma vez em cada existência, que nos levou a passar quatro semanas escutando exclusivamente analógico, como se o digital ainda não tivesse sido criado. Nunca neste período usei tanto minha surrada máquina de lavar Sota, e nunca solicitei tantos galões do “milagroso” detergente de vinis do Maltese para deixar meus LPs em ordem para escutar neste setup!

Descrever este toca-discos não será tão complicado, pois a Origin mantém um site muito bem atualizado, o difícil será explicar a vocês o quanto o “menos é mais”, e como este conceito pode ser explorado até atingir um ponto de performance que jamais, por simples visualização do produto final, será possível imaginar que se esconde por detrás daquela falsa “simplicidade”.

O Sovereign, até antes da entrada em linha do Voyager, era o top de linha, e por isso que este já se encontra na versão Mk4 e continua sendo, em termos de custo/performance, o toca-discos mais “desejado” da empresa! As diferenças do Mk4 para o Mk3.2 são pontuais, mas de enorme importância para o deixar ainda mais perto do top de linha Voyager.

Na versão anterior, a Origin já havia modificado seu prato para um multicamadas projetado para dissipar energia de maneira mais eficaz. Nesta nova versão o prato é o mesmo com as multicamadas, mas o desacoplamento do prato ficou ainda mais eficaz em relação à base. A fonte de alimentação é ainda mais limpa do que na versão anterior, para trabalhar em altas variações de temperatura sem perda na precisão e ajuste de velocidade.

Outras características importantes são: Base de alta massa com construção em sanduíche de baixa ressonância, para um desempenho de graves limpos e com excelente extensão, corpo e energia. O desacoplamento do prato para a base é triplo. O prato de baixa ressonância e alta inércia possui maior diâmetro que os outros modelos da Origin Live. O rolamento desta versão possui maior tolerância para o menor atrito possível. O sub-chassis ultra rígido, com um único suporte de ponto central, possui um exclusivo suporte de amortecimento. Seu peso total é de 32kg, mais os quase 2,5kg do prato.

O fundador e projetista da Origin Live, Mark Baker, é um expert em toca-discos e braços que nunca trafegou pelos caminhos “habituais”, procurando sempre observar mais o peso do detalhe no todo.

Um exemplo do que um detalhe pode fazer pelo todo, é a forma da Origin encarar as questões das vibrações, a maior pedra no sapato de qualquer projeto de toca-discos. Muitos seguem a escola de isolar a base do conjunto braço e prato com molas, outros insistem no peso e rigidez dos materiais para que se tornem o mais inertes possível, mas Mark foi por um outro caminho, ao desenvolver um sub-chassi semi suspenso, construído com materiais de alta qualidade e baixa ressonância que é desacoplado do suporte que apoia o prato, e que é apoiado apenas por um ponto central. Na prática, o resultado é como se o prato estivesse suspenso sem grande contato no sub-chassi.

O prato, feito de acrílico de alta inércia, possui 3 camadas de materiais distintos, e sobre o prato há parafusos que devem ser ajustados em sentido anti horário, que irão dar a afinação precisa para se extrair o equilíbrio entre as fundamentais e seus harmônicos. É algo jamais visto ou pensado por nenhum outro fabricante – mas que na prática dão um resultado espetacular!

O rolamento em que pousa o pino central é usinado para alta precisão, com baixa tolerância. A lubrificação do eixo é fornecida com o óleo fabricado pela própria Origin.

O motor é feito com exclusividade por um fornecedor suíço, é de alta massa e tem um acabamento primoroso. Assim como a fonte de alimentação, que utiliza um transformador de grande dimensão e mantém a regulagem precisa de velocidade, que é automaticamente corrigida a cada volta do prato.

A base do braço específica para 12 polegadas é de metal maciço, mas também inerte.

O teste do braço Enterprise de 12 polegadas será publicado em uma próxima edição, pois o testamos em três toca-discos diferentes, e pelo seu altíssimo grau de compatibilidade e desempenho, merece um teste separado.

O que posso adiantar é que o Sovereign, para este teste, não poderia ter parceiro melhor, e o mesmo posso dizer para o braço Enterprise!

As cápsulas usadas no teste foram: Hana Umami Red (leia Teste 3 nesta edição), ZYX Bloom 3, e Grado Platinum série 3. Os prés de phono foram: Boulder 508, PS Audio Stellar e Nagra Phono Classic (leia Teste 1 nesta edição). O resto do sistema foi o de Referência da editora (Pré e powers Classic da Nagra). Cabos de interconexão: Sunrise Lab Quintessence Aniversário, e Dynamique Audio Apex. Cabos de força: Sunrise Lab Quintessence Aniversário, Transparent Reference G5 e Powerlink MM2.

Para o teste, e todos os ajustes necessários com cada cápsula utilizada, contamos com o serviço do nosso colaborador André
Maltese, que tem sido de vital importância para extrairmos, de todos os produtos analógicos em teste, o sumo do sumo. E sua disposição e paciência em se deslocar de São Paulo aqui à nossa sala, 70 Km distante de sua casa, no meio desta pandemia, merece um agradecimento “público”.

Como escrevi muitas linhas acima, o visual do Sovereign não faz justiça ao seu nível de performance, ainda que seja de um acabamento primoroso e seus detalhes cromados chamem muito a atenção dos apaixonados por metalurgia. Pois o que o faz ter um desempenho tão desconcertante e empolgante está no que não está à vista dos olhos, ou de quem é leigo e acha que para um toca-discos tocar corretamente basta um bom motor, um bom chassi/isolador, um prato decente e de material comprovadamente inerte, um braço e uma cápsula correta, e ouviremos toda a beleza do bom e velho vinil!

Sim, este raciocínio está correto para toca-discos honestos e feitos por fabricantes com expertise suficiente. Mas, o que separa os bons dos ótimos e os ótimos dos superlativos?

Essa pergunta já é mais difícil de responder, principalmente para quem nunca ouviu um analógico de nível superlativo “azeitado” até a última gota de possibilidade. E, muitas vezes, até os audiófilos experientes fazem suas escolhas muito mais por informações técnicas e conceitos que julgam serem os mais corretos, do que pela audição. Lembro essa questão, pois ao mostrar fotos do Origin Live para alguns audiófilos “experientes” e amantes de analógico, ao ver o produto fizeram a mesma pergunta: “E toca bem?”.

Acho que imaginaram que, para ser considerado excepcional e de nível superlativo, um toca-discos tenha que pesar 50kg, ter bases que só um estivador consiga carregar, e o prato tenha no mínimo metade do peso da base!

Ainda que 34kg já seja um peso razoável, o que impressiona no Origin é que visualmente sequer ele dá a impressão de pesar tanto! Pois seu desenho é suave, limpo e de dimensões modestas, sendo possível ser colocado em qualquer rack de dimensões normais.
Mas, no momento em que a agulha pousar no disco, todas as dúvidas dão lugar a uma atenção total, pois o que se ouvirá será muito distinto da melhor das referências que você julga serem as mais corretas.

Mas, não se engane, pois ainda falta colocar a cereja no bolo! O que difere qualquer toca-discos da Origin Live do lugar comum, é que eles dão total atenção ao equilíbrio entre as fundamentais e os harmônicos. Sem este equilíbrio, não importa o setup de cápsula / braço, ou o nível de performance do seu pré de phono, o resultado será pobre.

Quantas vezes lemos que determinado toca-discos é primoroso em precisão, tempo, transparência, mas tenha cuidado com a cápsula pois ele pode soar “sem alma”? Algo que também ouvimos de cápsulas e braços.

Para a Origin Live, o peso do toca-discos nesta questão crucial é vital, pois é ele que deve conduzir como um maestro competente os outros componentes. E quando você associa um setup completo Origin Live, alinhando adequadamente toca-discos e braço, todas as cápsulas serão beneficiadas, acredite! Justamente por este motivo que achei melhor separar o teste do braço do teste do toca-discos, ainda que o casamento entre ambos não possa ser melhorado em nenhuma hipótese.

Como eu sei? Ouvindo o braço em outros dois excelentes toca-discos.

O prato possui em sua base 12 parafusos brancos. Para transporte eles vem todos apertados. O fabricante indica que, depois de montado o braço e tudo regulado, o consumidor gire 2/3 de uma volta no sentido anti-horário. Como sou pior que São Tomé, deixei o Maltese regular tudo, ouvimos por quase três horas, já com o Pré de Phono Classic da Nagra, ele foi embora de queixo no chão, fui preparar a janta, voltei para a sala e apertei todos os parafusos para ver que sonoridade tinha e coloquei o Friday Night in San Francisco (John McLaughlin, Al Di Meola, Paco de Lucia) faixa 1 lado A, versão 45 rpm. Os violões do Paco de Lucia (canal esquerdo) e do Al Di Meola (canal direito) soaram secos, a ponto de ficarem agressivos, tinham fundamental em excesso. Aí afrouxei 1/3 de volta, apareceram os harmônicos possibilitando ouvir a tampa dos violões, mas ainda muito seco. Afrouxei para 1/2 volta e os harmônicos finalmente apareceram, tornando a gravação muito mais correta e natural. Aí fui para a indicação do fabricante, e rodei 2/3 anti-horário, e o equilíbrio como mágica surgiu!

Incrível como não temos a ideia da falta que o equilíbrio entre fundamentais e harmônicos se faz tão importante quanto o Equilíbrio Tonal!

O que me levou a uma outra questão, que me tirou o sono por duas noites: quantas cápsulas ouvimos, avaliamos e muitas vezes descartamos por achar que é muito seca, ou pouco musical? Levando uma culpa que não é dela somente! Felizmente, as três cápsulas utilizadas no teste tiveram performance muito semelhantes em termos de assinatura sônica nos três toca-discos com o braço Entreprise de 12 polegadas. Mas a diferença em termos de performance, quando instaladas no conjunto Origin, foi muito impressionante, pois todas subiram de patamar!

Ajustado o prato, não perdi tempo e acabei de amaciar tanto a cápsula Hana Umami Red quanto o Nagra. E foram dias e noites inesquecíveis! Pois jamais ouvi meus LPs com tamanho grau de requinte e prazer.

Claro que, com diversas cápsulas, toca-discos e braços de alto nível, percebemos detalhes nunca antes ouvidos ou que não estivessem tão nítidos. Mas ouvir várias diferenças em praticamente todos os mais de 120 discos que escutamos, foi algo inédito! E não estou falando de sutilezas, e sim de detalhes que mudam nossa percepção de ouvinte, pois nos mostram “detalhes” totalmente ausentes em qualquer outro setup que tive ou testei.

Um disco que gosto muito, pela complexidade dos sintetizadores, é o LP Domino Theory do Weather Report, denso, camadas e mais camadas de sintetizadores analógicos com enorme corpo, distribuídos entre solos e cama harmônica. Que exigem do setup precisão, transparência, equilíbrio tonal e corpo precisos. Em sistemas limitados, é um disco que beira o cansativo, e necessita de um cuidado extremo com o volume, devido a variação dinâmica dos arranjos. O melhor resultado deste disco sempre foi o bom, nunca mais que isso. Tanto que sempre fui muito comedido no volume, para poder apreciar apenas a música.

Foi o segundo disco que mais escutei na primeira semana! Pois a quantidade de informação e de intencionalidade que este setup me proporcionou, foi espetacular! As camadas e mais camadas de sintetizadores, todos em seus planos, alturas, decaimentos. No volume correto da gravação, sem medo de saturar ou tornar frontalizado. Um Equilíbrio Tonal magnífico (tão difícil em outros setups, com os agudos sempre soando brilhantes no saxofone alto e nos pratos), e um corpo de acelerar os batimentos cardíacos.

Meu cérebro a cada “novo-velho” disco, pensava: então é assim que este LP sempre deveria ter soado? É um grau de revelação que nos dá uma mistura de torpor e decepção, por saber que cada um daqueles discos sempre esteve à espera de um setup à sua altura, e que certamente se eu não fosse um profissional da área, morreria sem descobrir tudo isso!

Cada disco que ouvi neste período de cinco semanas em que tive este setup analógico tão bem casado, foi uma revelação, que deixou literalmente o setup digital para escanteio.

Não quero voltar à velha e cansativa discussão do que é melhor. Mas tenho que confessar que tentar comparar ambas topologias neste patamar é um total desperdício de tempo. Pois seu cérebro não irá se sujeitar a ouvir o digital sem achar que se trata de reprodução eletrônica. Pois o corpo harmônico é algo difícil de ser subjugado. Depois de ouvir, por exemplo, os solos do baixista Scott La Faro no disco Exploration do pianista Bill Evans, ouvir este mesmo contrabaixo em CD parece piada. Ou o timbre do naipe de metais e os solos no Blue Orbit do Duke Ellington, faz o CD parecer que os instrumentos estão equalizados.

O analógico neste nível de resolução, coloca de novo o “pingo nos is” de maneira quase que cruel! E o faz de forma tão natural, e com tamanho conforto auditivo, que parece que voltamos aos anos 90, quando o digital tentava desesperadamente corrigir seus erros!

Claro que o digital andou, e muito, mas o analógico sempre levará uma enorme vantagem, pois ele só está aperfeiçoando e refinando o que já era excelente. O que não tínhamos era setups à altura do que os sulcos sempre tiveram esperando para ser mostrado.

O toca-discos mais surpreendente que testamos até o momento havia sido o Basis Debut V com braço SME Series V e a cápsula Air Tight PC-1 Supreme. Um setup analógico de alto nível. Refinado, musical e corretíssimo. Era minha maior referência em termos analógicos, tanto que nunca mais consegui ouvir com aquele mesmo prazer minha enorme coleção de LPs. E achava que ainda que o analógico não parasse de evoluir, a distância para aquele patamar, já superlativo, seria ultrapassada apenas de maneira pontual!

Ledo engano amigo leitor. Foi literalmente atropelado por este setup Origin Live e pré de phono Nagra. A diferença dos dois é de
8 pontos! O que neste nível de Estado da Arte é separar os grandes dos gigantes!

Lembro-me em minhas anotações pessoais no teste do Basis, e da cápsula PC-1 Supreme, anotar que todos os discos haviam sofrido melhoras e que apenas os tecnicamente sofríveis se beneficiaram pouco. Como sou metódico e tenho tudo precisamente anotado, ouvi um por um desses LPs, e todos, sem exceção, se beneficiaram deste grau de refinamento e precisão. A ponto de conseguir ouvir esses LPs com interesse e gosto redobrado pela qualidade artística.

Isso é um feito e tanto. E assim o leitor pode imaginar o efeito que as boas e excelentes gravações tecnicamente se beneficiam com este toca-discos! É difícil achar o tom correto para descrever essas audições, mas se temos que tentar o termo mais próximo, seria: “tocar o inalcançável”. Ou seja, ter um momento de comunhão com o que o analógico tem a oferecer que poucos, muito poucos, podem e tem condições de desfrutar.

Eu com este setup, provavelmente ouviria digital apenas para cumprir meus deveres profissionais, ou escutar gravações que só tenham em CD.

Preciso encerrar este texto dizendo mais alguma coisa?

Se você tem bala para ter um toca-discos deste nível, não perca tempo meu amigo. Pois o que ele irá lhe oferecer em troca, valerá cada centavo investido!


PONTOS POSITIVOS

O melhor toca disco já testado nos 25 anos da revista.

PONTOS NEGATIVOS

Preço.


ESPECIFICAÇÕES
Velocidades33 & 45 RPM
Wow & Flutter0.05%
Estabilidade de velocidade0.0001%
VoltagemConfigurada de fábrica de acordo com o país
Base de braçoPara braços 9.5” e 12” da Origin Live, ou braços padrão Rega. Outras bases de braço podem ser feitas sob encomenda.
TOCA-DISCOS ORIGIN LIVE SOVEREIGN MK4
Equilíbrio Tonal 15,0
Soundstage 14,0
Textura 14,0
Transientes 13,0
Dinâmica 13,0
Corpo Harmônico 14,0
Organicidade 14,0
Musicalidade 15,0
Total 112,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
Teste 2: TOCA-DISCOS ORIGIN LIVE SOVEREIGN MK4



Timeless Audio
contato@timeless-audio.com.br
(11) 98211.9869
Toca-Discos: R$ 68.640
Armboard 12”: R$ 3.610
Total: 72.250

Braço: R$ 48.420
Adicional 12”: R$ 3.730
Total: R$ 52.150

Preço do conjunto:
R$ 124.400

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