Influência Vintage: AMPLIFICADOR INTEGRADO SONY TA-1120A

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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Equipamentos Vintage que fazem parte da história do Áudio

O termo Vintage tem a ver com ‘qualidade’, mais do que ‘ser antigo’. Vem do francês ‘vendange’, safra, sobre uma safra de um vinho que resultou excepcional. ‘Vintage’ quer dizer algo de qualidade excepcional – apesar de ser muito usado para designar algo antigo.

Nesta série de artigos abordamos equipamentos vintage importantes, e que influenciam audiófilos até hoje!

MADE IN JAPAN!

Na segunda metade da década de 60, quase todas as marcas japonesas de equipamentos de áudio ‘consumer’ estavam aderindo ao transistor: barato, estável (principalmente em questão térmica), gastava menos energia elétrica e era mais potente – e ainda reina absoluto no mercado de áudio hi-end. E o mercado mundial começou a ser tomado de assalto pelos equipamentos ‘Made in Japan’ – e consumiram tanto que eles se tornaram o padrão mundial, no mínimo pelas duas décadas e meia seguintes!

Os fãs de vintage – e olha que eu sou um admirador, até porque tive inúmeros equipamentos vintage na época que eles ainda eram o mainstream – geralmente chamam as décadas de 70 e 80 de A Era de Ouro. Em questão de design, com certeza! Além de várias inovações técnicas, já que essas tecnologias estavam sendo efetivamente criadas nessas décadas.

Mas o grupo que mais reclamou desses aparelhos japoneses e seus conceitos, foram os audiófilos, que não gostam de sua baixa qualidade sonora. Mas será que todos vintage têm mesmo um som ruim para os padrões atuais de qualidade e os padrões audiófilos? A maioria é bem fraquinha, sim. Infelizmente. Por inúmeros motivos, que incluem maus projetos, baixa preocupação e entendimento do que é qualidade sonora, filosofias ruim – e, claro, tocavam pior ainda devido à sua má utilização: zero preocupação com cabos, com posicionamento correto, e até com o ajuste (que inclui o uso correto do controle tonal e do botão de Loudness, para não falar de aparelhos que vinham com um equalizador).

Mas será que existem alguns aparelhos vintage que tocam decentemente e até surpreendem? A resposta é: sim!

O AMPLIFICADOR INTEGRADO SONY TA-1120A

A Sony tem poucas linhas de amplificação que são realmente levadas a sério por audiófilos – seja na época, seja agora – como a linha ESPRIT, por exemplo, cujos primeiros componentes, prés e powers do final da década de 70, acho que foram os mais conceituados mundialmente de toda a linha da empresa. Mas os primeiros componentes da linha ESPRIT, entretanto, foram as caixas APM, com falantes quadrados planos – e que foram abordados nesta seção na Edição 301, de novembro de 2023. E há também os vários amplificadores V-FET, posteriores ao TA-1120A.

Frente

Antes do pré e power ESPRIT, a Sony lançou seu primeiro amplificador transistorizado com um comprometimento quase ‘audiófilo’ (para a época): o TA-1120, pouco tempo depois atualizado para TA-1120A com a adição de uma saída para fones de ouvido e ajustes na seção de pré-amplificação.

Traseira

O 1120 é o primeiro componente chamado pela empresa de ES – Extremely High Standard – feito para competir na época no mercado americano com amplificadores de marcas como Fisher, McIntosh e Marantz. E com seu design clássico e marcante, que passa a impressão de solidez (que tem), ele mostra uma preocupação com qualidade, como o controle tonal que pode ser desligado (flat), e o circuito que usa os, então, modernos transistores de silício – que aguentavam temperaturas mais altas. E, mesmo assim, também havia um circuito de proteção contra o aumento de temperatura.

O TA-1120A provê 50W por canal em 4 ohms – uma potência alta para a época, onde a maioria das caixas tinha uma sensibilidade mais alta que as de hoje em dia, usualmente sempre maior que 90dB. Ele tem todas as entradas usuais de um integrado, porém com duas entradas Phono – ambas para cápsulas MM – e saídas e entradas para utilizar o 1120 como pré com um power externo, ou como power ligado a outro pré. No painel traseiro também tem um par de potenciômetros que permite regular e igualar o nível entre os três tipos de entrada: Phono, AUX e Tuner – um recurso útil que apareceu em vários amplificadores antigos, em uma era onde não havia controle remoto de volume para nada.

Dentro

O preço de um amplificador integrado Sony TA-1120A em 1968, no Japão, era de aproximadamente US$2.400, em valores atualizados.

MODELOS SEMELHANTES

O TA-1120 foi o primeiro (1965), logo substituído pelo TA-1120A (1967 a 1971) com um pré melhor ajustado e saída para fones de ouvido. Tanto que a cara dos dois só pode ser distinguida pela saída de fones, já que ambos vinham escrito apenas “1120” sem o “A”.

TA-1130

O modelo TA-1130 saiu em 1971, complementar à linha – com mais recursos e potência, mas com o mesmo visual.
E o TA-1120F, que ficou de 1972 a 1976 em linha, tem o mesmo visual na frente que o 1130, mas ostenta a letra “F” no topo à direita – e no número de modelo “1120F” no painel. Ele tem a disposição de botões e da saída de fones de ouvido do 1130, com uma sessão de pré semelhante ao 1120A e uma seção de power diferente, com uma potência maior de saída, e um painel traseiro totalmente diferente – e que também inclui um dissipador de calor.

TA-1120F

Como concorrente, eu diria que o mais próximo em recursos e afins, é o Sansui AU-999, mais ou menos da mesma época – e com semelhantes preocupações de projeto.

Sansui AU-999

COMO TOCA O TA-1120A

Aqui vale mencionar de novo o Sansui AU-999. A questão é que o TA-1120A é um amplificador cuja sonoridade tende mais ao quente, mas com um detalhamento decente em ‘flat’ para 1971 – e isso é uma característica sonora semelhante a do Sansui AU-999. Claro que nenhum dos dois soa como um amplificador moderno, tendo falta de clareza e extensão nos agudos, por exemplo.

Era uma época onde se procurava, em amplificadores de alta qualidade transistorizados, ajustar para que soassem ligeiramente mais para o lado da válvula. Depois, ainda na década de 70 – e certamente na década de 80 – a sonoridade japonesa descambou para trazer muito agudo, sendo mais fria, seca e querendo trazer detalhamento demais, em detrimento do equilíbrio e da musicalidade. Os integrados da Sansui começaram quentes e sem detalhamento na década de 60, passando ao equilíbrio na década de 70 em vários modelos – principalmente o AU-999 que, ainda por cima, tem ótimo detalhamento. O Sony TA-1020A é, também, com esse tipo de equilíbrio.

SOBRE A SONY

A gigante Sony todo mundo sabe quem é. Além de ter co-criado o CD – junto com a Philips – entre várias outras tecnologias da história do áudio mundial, a Sony teve enorme presença nos vários níveis do mercado de áudio consumer, especialmente durante as décadas de 70 e 80.

E ela continua por aí! Porém, hoje, sua presença é maior na área de fones de ouvido.

Um maio musical a todos nós!

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