Vinil do Mês: MICHAEL HEDGES – BREAKFAST IN THE FIELD (WINDHAM HILL, 1981)

Influência Vintage: AMPLIFICADOR INTEGRADO SONY TA-1120A
maio 9, 2024
Eventos: COBERTURA WORKSHOP HI-END SHOW 2024
maio 9, 2024

Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Todo mês um LP com boa música & gravação

Gênero: Jazz Acústico / New Age / Folk

Formatos Interessantes: Vinil Importado

Não sei se isso aconteceu somente no Brasil, mas por cortesia do marketing ensandecido do meio fonográfico e musical, ‘New Age’ tornou-se sinônimo de música para um Demônio da Tasmânia pegar no sono dentro de um secador de roupas ligado…

Se a prateleira dizia New Age, ou a capa do disco tinha um selo dizendo o mesmo, então muita gente se afastava, pois facilmente era música ‘esquisita’ e geralmente inócua. Quem procurava complexidade instrumental e de arranjos, fugia. E isso me manteve longe dos discos de um exímio violonista acústico americano chamado Michael Hedges.

Um dia, graças às prateleiras de ofertas, comprei seu segundo LP Aerial Boundaries (cujo CD já foi indicado aqui na revista), que além de ser musicalmente excelente, é uma tremenda gravação – mesmo no LP prensagem nacional. E não faz o menor sentido o adesivo na capa dizendo ‘New Age’! Vai entender…

Contracapa

Apesar de ter muita coisa que foi categorizada como New Age ser de instrumentação e arranjos elaborados – tem que garimpar muito para selecionar, Mas não se iluda: tem uma quantidade excessiva de discos de música para treinar tartarugas para roubar incenso em lojas de gnomos. E Michael Hedges é uma das melhores exceções à essa quantidade excessiva.

Hedges era, efetivamente, um virtuoso em seu instrumento, um dos inovadores na técnica de tapping com as duas mãos em um violão acústico – e isso é até consenso entre vários especialistas. O trabalho dele tem seguidores até hoje, como a célebre Kaki King.

Hedges normalmente usava um violão de cordas de aço Martin D-28, de 1971, e esse disco é um exemplo também de gravação e captação purista dele. O violão é captado com um par de microfones 452EB da AKG, e mixado e ajustado junto com o baixo fretless de Michael Manring em tempo real, direto da mesa de som para um gravador de rolo analógico estéreo JH-110-A da MCI, em 30 polegadas por segundo de velocidade. Esse tipo de capricho aconteceu bastante em várias gravações do excelente selo Windham Hill.

Selo do LP

Michael Hedges nasceu em Sacramento, na Califórnia, mas seu interesse musical começou quando morava em Oklahoma, onde aprendeu a tocar vários instrumentos, como o tin whistle, piano e percussão, antes de assumir a guitarra elétrica e o violão acústico como principais. Logo foi estudar violão clássico e composição na Philips University, em Enid, Oklahoma. Depois, mudando-se para Baltimore – onde tocou em várias bandas – entrou para o Peabody Conservatory para continuar seus estudos de composição e, em 1980, entrou para a Stanford University, na Califórnia, continuando seus estudos de música. Foi casado com a flautista Mindy Rosenfeld, até meados da década de 80. Em dezembro de 1997, Hedges voltava do aeroporto de San Francisco, na Califórnia. Em uma estrada perigosa, perdeu o controle do carro, caindo em uma ribanceira, falecendo na hora. Ele foi encontrado apenas muitos dias depois… Uma grande perda para o mundo da música!

Para quem é esse disco? Para todos os fãs de violão solo, especialmente os que são bem gravados e com técnicas diferenciadas, sejam de jazz e suas variações, ou mesmo de rock-folk. É um disco de sonoridade mais suave, sendo o primeiro de Hedges. Mas, procurem ouvir também o segundo LP dele, o Aerial Boundaries, também em LP, e em prensagem nacional (tem vários para vender no Mercado Livre) – que é o violonista ‘deitando e rolando’ (não literalmente…), atingindo o ápice em sua técnica e sonoridade. Ambos discos obrigatórios.

Michael Hedges

Prensagens boas? Infelizmente nunca achei – acho que não existe – a prensagem nacional do Breakfast in the Field, senão daria para economizar um bom dinheiro, pois todos os outros LPs do Hedges em prensagem brasileira, têm uma qualidade de som fenomenal. Portanto, têm que ser as prensagens americana, alemã e japonesa, todas do selo Windham Hill e todas de 1981. Também, que eu saiba, não saíram reprensagens ou remasters modernos em 140 ou 180 gramas.

Um maio muito musical a todos!

Ouça um trecho da obra no YouTube

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